sábado, 16 de fevereiro de 2013

Reflexão sobre o Militarismo nas Policias e Bombeiros do Brasil

Não é cedo para tecer comentários mais profundos acerca das mudanças provocadas por esta última manifestação na Polícia Militar da Bahia e em todo o Brasil, mas uma coisa é certa e salta aos olhos: a corporação perdeu força para fazer valer aquilo que ela mesma entende por militarismo. Princípios como hierarquia e disciplina, nos moldes tal e qual aprendemos, foram fatalmente sangrados.

Desde a transição para o estado democrático de direito, colocações são feitas acerca do modelo brasileiro de segurança pública, em especial às PM´s: “são duas meias polícias”, alguns dizem, numa crítica à falta do ciclo completo; “uma polícia militar, fortalecida e nutrida nos anos ditatoriais brasileiros, simplesmente, diverge do espírito democrático e republicano que o país vive”, dizem outros; “é questão de segurança nacional que as polícias militares continuem a ser militares.

De outra forma, como controlar um “efetivo deste porte?”, dizem também. “A subordinação direta ao Exército, como força auxiliar e reserva, nos garante que a disciplina e a hierarquia nas polícias militares sejam preservadas – ouvi isto quando ingressei na PM. E por aí vai, mas o fato é que temos um modelo exaurido, defasado, que década após década mostra sinais de esgotamento e nada se faz.

O governo quer os benefícios de ter uma contingente militar a sua disposição, mas esquece-se que tudo tem um preço. O Militarismo tem benefícios sociais inquestionáveis, mas não é de graça, custa muito caro e quem é militar sabe o preço que paga por ser, principalmente, policial militar.

Desde sempre o militarismo é sinônimo de hierarquia, disciplina e superação dos limites, contudo, a evidente percepção de que as tropas militares estão sendo sugadas por interesses pessoais, lesadas pela simples vedação legal à greve, excluídas de todo o processo de melhorais aos servidores do estado, enfraquece o modelo. O militarismo é pautado na lealdade e na confiança entre superiores, pares e subordinados.

Quando isto vai se perdendo – no nosso caso já se perdeu há tempos – das cinzas do militares surge o fênix dos mercenários.

Tropas militares devem ser sempre tratadas de modo diferenciado positivamente, afinal, é um contingente diferenciado, do contrário, melhor desmilitarizar, e tratar semelhantemente aos demais servidores. Simples assim. O militarismo, se é interesse do estado e da sociedade, deve ser utilizado como uma ferramenta de aperfeiçoamento dos mecanismos de bem estar social, não como meio de amordaçamento, privações e restrições.

Precisamos redefinir nosso modelo de segurança pública urgentemente. Esta é uma importante questão de Estado. Militares, tal qual éramos como há quase dez anos atrás – pouquíssimo tempo atrás – quando ingressei na corporação, com certeza, não somos mais. Nem nos meus sonhos mais “subversivos” imaginaria que uma tropa de policiais militares fechasse a entrada de um batalhão de polícia com uma piscina em um lado, um “pula-pula” do outro, regado a churrascada, bebida, pagode etc, sem a mínima ou com a ineficaz intervenção de quem deveria fazê-lo.

O militarismo das polícias militares está ferido de morte. A situação é insustentável. Urge um novo modelo, justamente porque chegamos onde chegamos tentado remendar o que aí está, e acabamos ficando sem referência de polícia ou de militar, e nos sentindo uma massa de manobra oprimida. Militar fazer greve é um absurdo, se aproveitarem de sua condição de militar para explorá-los também; militar transgredir a lei é um absurdo, o governo não cumprir suas promessas de campanha, também; apostar na subserviência e amordaçamento da tropa é um erro e está provado, não repensar o modelo é pagar para ver novamente um filme que já está ficando chato de passar.

Texto de Marcelo Lopes
Comento (talvez o texto seja longo):

O que podemos dizer é que os últimos acontecimentos na federação, nós levaram a uma grande reflexão sobres o militarismo das policias militares e corpos de bombeiros militares do Brasil, Símbolo de toda uma racionalidade autoritária e arbitrária, o atual modelo não acena com a possibilidade de melhorias significativas, comprometidas com um Estado Democrático de Direito. Desmilitarizar torna-se sinônimo de igualdade, respeito, dignidade, boas condições de trabalho e de um trabalho “bem feito”! Fim da violência e das arbitrariedades… O militarismo como um resultante do modelo organizacional militar, que procura fazer com que aqueles que estão em seu interior sejam controlados, subjugados, excluídos e alienados, a desmilitarização é um caminho possível, razoável e, até mesmo “natural” para as policias,urge que se abra o debate no plano nacional, em toda sociedade é no congresso nacional, e se possível um plebiscito, para saber o que pensa a sociedade desse atual modelo.

O que podemos dizer é que aqui em Brasília, onde prevalece esse modelo arcaico de Policia e Bombeiro Militar, o governador de nossa Capital simplesmente não houve o que os Policiais e Bombeiros pedem ele simplesmente faz ouvido de mouco (que não ouve, ouve pouco ou mal; surdo).

O que pensam os profissionais das policias militares e dos corpos de bombeiros e a sociedade sobre essa possível mudança?
A Polícia Militar hoje é uma instituição que pouco observa o seu funcionário público sobre um viés bio-psico-social. Ele é tratado como só mais uma força de trabalho, escravo de dotações orçamentárias que não o fornece estruturas nem materiais dignos para suas condições de trabalho, bem como um salário inapropriado e ainda por cima está preso a lei, regulamentos obsoletos e deturpado por superiores que tornam o ambiente interpessoal institucional altamente hostil.

Como disse um certo general “…a hierarquia não deve separar as pessoas, e sim as funções…”. Infelizmente não é o que acontece entre as PPMM, os senhores Oficial se julgam acima de todos os praças, não como chefes naturalmente; eles acham que são superiores em tudo, seja na inteligência, capacidade, eficiência e por aí vai.

Tudo para eles é melhor, alojamento, armamentos, equipamentos.
Quando um oficial cumprimenta outro, geralmente o faz com o aperto de mão, eu cumprimentei um oficial, ele me respondeu a continência e pronto, veio logo após mim, um 2º Tenente e este mesmo oficial o cumprimentou com aperto de mão.

Os aumentos salariais para eles são melhores, ou seja, nos parece que existem duas PPMM, uma das praças, as quais carregam a PM nas costas e outra dos oficiais que a utilizam em benefício próprio.
Não sou contra hierarquia e disciplina, aliás, sem elas nenhuma entidade permanece… Entretanto, nos moldes das PPMM, onde principalmente os oficiais se escondem atrás de seu manto, para utilizar a máquina pública ilegalmente, camuflar seus erros, ineficiências, despreparo e sua falta de conhecimento;

O militarismo nas policias e bombeiros militares, já deveriam ter sido extirpada.
A PRF, PF, PC, apesar de não serem militares funcionam perfeitamente; as grandes empresas que começam do nada e por filosofia e pensamentos diferentes dos aplicados nas policias e bombeiros, crescem todo dia ao ponto de se tornarem multinacionais, valorizando seus funcionários.
Em suma, as policias e bombeiros precisam se adequar ou dentro de pouco tempo, teremos notícias que os senhores oficiais não gostarão.
Uma verdade inquestionável, o militarismo nas polícias estaduais já deu o que tinha de dar há tempos.
Nas ultimas décadas a sociedade e muitas de suas instituições amadureceram e evoluíram, porém as nossas PM’s e BM’s estão presas a interesses políticos tornaram-se remedos desfigurados que serve somente para oprimir seus efetivos e por conseqüência a população pobre que na verdade é que mais necessita dos serviços prestados por estas.
Já está mais do que na hora de repensarmos, discutirmos, e, quem sabe, elaborarmos um novo modelo de polícia no nosso país; desmilitarizada, unificada, completa e com carreira única, menos politiqueira e melhor remunerada.
Nas democracias mais evoluídas uma polícia militarizada, tendenciosamente vinculada ao poder estatal (Exército), recheada de politicagens (desde promoções até transferências) não se faz presente há muito.
A verdade é que ninguém suporta mais o militarismo na policia, exceto os oportunistas que dele se aproveitam para tirar vantagens pessoais, dentro dos quartéis percebo a desmotivação da tropa, e olha que tenho 21 anos de PM, mas até eu já estou cansado disso, a reforma no âmbito da segurança pública no Brasil a cada dia que passa vai ganhando caráter de urgência, mas a conveniência diz que os nossos políticos e legisladores corruptos e omissos não farão nenhuma reforma significativa, desmilitarizar a polícia apesar de uma medida coerente, necessária, e anti-anacrônica incomodaria muita gente graúda, mas sonho em um dia ver a polícia desmilitarizada, seria um passo grandioso rumo ao fim da opressão e a não escravidão à regulamentos arcaicos e obsoletos a que somos submetidos diariamente.
A uma necessidade premente que as coisas comecem a mudar de dentro para fora, devemos pensar qual policia nós queremos fazer parte, não podemos ficar parado vendo as coisas erradas e não lutar por dignidade e democracia, pergunto queremos ou não deixar de ser subcidadãos, devemos dar o primeiro passo, devemos conversar com população e pedir que a mesma nos ajude assinando a petição pública pela desmilitarização das policias e Bombeiros do Brasil. Pense nisso e me diga vale a pena lutar por uma nova policia onde você será tratado com dignidade e terá uma melhor remuneração.
Por isso lhe pergunto: quando foi a última vez em que você realmente se sentiu como um cidadão de verdade, com plenos direitos, eu me lembro, foi antes de entrar para a Policia Militar, então se queres ter a liberdade de volta e também tem vontade de ser cidadão novamente assine a petição (não se esqueça precisamos que vocês consigam mais 10 pessoas para assinar a petição, e em todas as regiões do País, precisamos de 1.500.000).

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