domingo, 17 de março de 2013

A SOCIEDADE NÃO GOSTA DA POLÍCIA, diz secretário de segurança do RJ

Secretário de Segurança do Rio admite problemas nas UPPs, nega que vá ser candidato pelo PMDB em 2014 e afirma que os serviços públicos não têm mais a desculpa da falta de segurança para deixar de atender as favelas.

Colocaram na novela o Exército ocupando o Alemão. Mais engraçado é que, casualmente, vi a cena da invasão, acho que no primeiro capítulo. Aquele ator capitão passa pelo tenente e fala: “Tenente, prepara que nós vamos ocupar o Alemão”. Assim, como se fosse fácil… Aí eu disse: “Rita, eu vou tomar ali, pegar aquele litrinho de João Caminhador (Johnny Walker) e vou dormir”.

Como pai do projeto de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), José Mariano Beltrame tem razões de sobra para alardear as conquistas do projeto, carro-chefe da política de segurança do Rio. Mas o secretário de Segurança do Rio prefere não comemorar, e reconhece que há problemas na empreitada que, como repete, visa a acabar com a violência causada pelo tráfico de drogas, não com a venda de entorpecentes propriamente dita. Camisa social, à vontade, Beltrame recebeu o site de VEJA para uma longa entrevista às vésperas de comandar a operação policial para a criação da 31ª e da 32ª dessas unidades, no Complexo do Caju e na Barreira do Vasco, na Zona Norte da capital. “As pessoas têm uma expectativa superpositiva em cima de segurança pública. Mas de repente acontece alguma coisa… E aí?! Jamais vão me ver mostrar os dentes cantando vitória em segurança pública, porque eu posso não conhecer muita coisa no Rio de Janeiro, mas o crime eu conheço”, diz.

Tomando o primeiro de seus 15 cafés diários, Beltrame analisou os ganhos e os problemas do programa que, hoje, envolve 230 favelas ocupadas por 8.000 homens, com 600 viaturas – “estrutura essa maior do que de vários estados brasileiros”, lembra ele. O desafio do momento, afirma, é a consolidação do projeto, que tem como principal mérito o que chama de uma mudança no paradigma de ação da polícia em áreas carentes. “A polícia entrava para dar tiro, para matar, para morrer, para tudo, menos para prestar serviço. E qual foi o resultado? A sociedade não gosta da polícia. E a polícia não gosta da sociedade, por razões que essa guerra produziu”, afirma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário